Estamos em isolamento desde Março. Já estamos quase entrando em Novembro.
As crianças mudaram muito. Cresceram, se desenvolveram e se transformaram.
No começo foi muito difícil, não fomos capazes de olhar para esse tempo e espaço e enxergar o que fazer com ele. Nunca tínhamos passado tanto tempo dentro de casa, tanto tempo juntos. É uma convivência extrema e limitada.
Fomos todos nos modificando e nos adequando à pandemia.
A que mais se adaptou foi a Selena. Ela hoje consegue ficar bem durante o dia. Enxerga muitas possibilidades dentro deste apartamento. Fica bem sozinha, pinta, desenha, dá banho nas bonecas, troca de roupa, brinca com água, assiste desenhos, brinca de massinha e assim por diante. Gosta de brincar sozinha, é bem independente.
O Dário é mais grudado. Às vezes quer brincar com a irmã mas ela não quer, então ele chora. Explico que ele tem que respeitar a irmã. Ela não quer brincar com ele, tem que respeitar. Peço à ele que pense em outra coisa para fazer.
"Sei que você está triste porque você quer brincar com ela e ela não quer brincar com você. Mas você pode fazer outra coisa, o que mais você gostaria de fazer?'
Tem que ter muita paciência com eles. Eles tem só a mim e ao Felipe agora, somos o mundo deles. Eles não tem mais os amigos e familiares para descontrair. Esse isolamento prejudicou muito as relações. Essa pandemia prejudicou muito tudo isso.
Então repenso cada atitude. Respiro fundo. É difícil, estou muito cansada. Estamos equilibrando casa, trabalho e filhos sem rede de apoio.
Amo demais minha família mas precisava muito de um tempo para mim. Tento não descontar meu esgotamento neles mas sou humana.
Me esforço muito para repensar cada atitude, conversar muito com eles, deixar claro que os amo.
Vivemos em uma sociedade opressora. Comportamentos opressores passam desapercebido, não causam espanto. Repenso cada ato, cada palavra, cada gesto para que as crianças não sejam oprimidas o tempo todo.
Elas precisam de amor. Amo demais meus filhos, quero que eles tenham o melhor de mim.
Estamos em isolamento devido a pandemia do covid 19 há um mês. As crianças não saem do apartamento há um mês.
Nunca imaginei algo assim. Estou falando de um apartamento pequeno, nada de quintal ou varanda. Temos uma sacada pequena e só.
Tem bastante área comum no condomínio, com parquinhos inclusive, mas as orientações de isolamento são bem claras.
O Dário é grupo de risco devido à cardiopatia. Não quero por tudo a perder de maneira alguma. Primeiramente tenho que proteger minha família. Estamos todos guardadinhos aqui.
Felizmente temos essa opção, nossa profissão permite trabalhar de casa. Tem sido bem pesado trabalhar com as crianças em casa, dar conta da casa e de toda rotina. Fazer comida, limpeza e tudo o mais. Estamos só eu, meu marido e as crianças. Cumprimos nossa carga diária de 8 horas de trabalho, cuidando das crianças, fazendo a limpeza da casa e cozinhando.
Ah, temos um gato também! Acho que ele não aguenta mais a gente aqui para ter o espaço só para ele. É super antipático.
Estamos nos reinventando para tudo, já achamos um caminho para fazer isso funcionar mas não há receita para sobrepujar o cansaço. A sobrecarga é grande e não dá para reduzir esforços.
Não dá para parar de trabalhar. Não dá para parar de cuidar das crianças. Não dá para parar de fazer comida, de limpar a casa. Não vamos ficar confinados num lugar pequeno e sujo! Não dá para fazer nada com relação ao espaço, mas a limpeza é essencial.
A regra aqui é clara, não vai virar bagunça de um dia para o outro para não dar chance de acumular as coisas e depois não conseguirmos mais organizar sem um grande esforço.
Doamos muitas coisas do apartamento para liberar espaço. Tudo que não é essencial foi embora.
De alguma forma muito inesperada estamos conseguindo manter as crianças felizes. As crianças estão felizes. Fico pensando se não é uma ilusão da minha cabeça, mas converso muito com meu marido e ele tem a mesma opinião.
As crianças estão felizes. Estamos juntos o tempo todo inventando muitas coisas. Atrapalha no trabalho, a produtividade caiu bastante durante o dia, mas as crianças estão felizes.
Isso me faz acreditar que pode continuar dando certo esse isolamento. Continuaremos fazendo as adaptações necessárias e tentando manter a cabeça no lugar mesmo sem perspectiva de quando o isolamento irá se encerrar. Ter a cabeça no lugar agora é praticamente questão de sobrevivência.
Estamos mantendo o ambiente leve e limpo para podermos ficar bem aqui. Não estou nem um pouco otimista que tudo isso vai acabar logo, mas não sofro por isso. Vamos vivendo um dia de cada vez.
As crianças precisam de pouco para ficarem bem. Só precisam de amor, atenção e um prato de feijão.
Brincadeiras à parte, mas acredito muito na importância do nosso tradicional feijão com arroz na alimentação. Por isso não abro mão de cozinhar.
Amo demais meus filhos. Demais mesmo.
Daqui alguns anos, quando tudo isso tiver acabado, quero olhar para o passado e me sentir confortável com as escolhas que fiz. Felizmente estamos conseguindo nos cuidar. Sei que muitas pessoas não têm essa opção, precisam sair às ruas para trabalhar. Por isso, me considero muito privilegiada e tenho que agradecer muito por isso e orar pelas pessoas que não podem estar como nós, em isolamento.
Espero que quando tudo isso acabar tenhamos nos tornado pessoas melhores, mais unidas e mais prontas a fazer o bem. Que tenhamos mais empatia.
Que as crianças tenham ótimas recordações desses dias em que ficamos confinados em um apartamento.
É uma situação bem extrema para todos, mas isso tudo vai acabar.
Minha família é a coisa mais preciosa que tenho. Já lutei muito por eles e vou continuar lutando e protegendo sempre.
Capitação América e Mulher Maravilha
Meu artista
De máscara de pano
"Faz cara de séria Se"
Dário cuidando da irmã, vestiu ela, penteou o cabelo e passou protetor labial
Homem aranha
Rock da patrulha canina
Dário cuidando da irmã
Um vampiro e uma bruxinha
Tentando trabalhar. Sim, a Selena ainda mama! E o Dário faz um milhão de perguntas todos os dias.
Pintando ovos
Um vampiro fazendo auto retrato
O dia que a Selena colocou biquini e pediu para ir para a piscina
Elas coisas estavam indo bem após o fim das férias até começar a pandemia do covid-19.
Estávamos acompanhando as notícias desse vírus e sobre seu avanço nos outros países até que houve o primeiro caso em São Paulo. O número de intactos e mortos tem evoluído rápido por isso estamos há 15 dias em isolamento.
O Dário é grupo de risco devido a cardiopatia. Tomamos medidas extremas desde o começo, as crianças não saíram mais de casa.
Digo casa mas na verdade é um apartamento. Temos nos desdobrado para compensar todas as limitações do isolamento e proporcionar atividades para as crianças. Estamos trabalhando de casa também.
A sobrecarga é inevitável mas o isolamento é muito necessário.
Amo demais meus filhos e tenho que protegê-los.
Último dia de férias.
Acho que soubemos aproveitar muito bem esse momento juntos.
Nos divertimos muito e foi muito evidente o tanto que as crianças se desenvolvem tão rápido.
O desfralde da Selena correu super bem, ela faz as necessidades no penico, joga no sanitário, da descarga e lava as mãos.
Ela bem poderia fazer direto no sanitário mas, segundo ela, ela ainda é bebê então precisa usar o penico de bebê.
Tudo bem então. Ela não deixa de ter razão e ela fez tudo tão certinha, achei tão evoluída.
Esse último dia de férias foi um pouco comprometido por conta de algumas coisas que deixamos para última hora de preparação para o retorno às aulas e trabalho.
Então, tivemos que ir ao shopping, por ser domingo era o único local aberto.
Que nos conhece sabe o tanto que temos aversão a shopping. Passamos algumas horas lá nesse domingo e deu para resolver tudo e, de alguma forma, foi divertido para as crianças.
As levamos em um brinquedão e compramos jogos de talher infantil com tema de super herói. Foi um sucesso, eles adoraram.
Só compramos porque esbarramos nisso.
Foi tudo tão corrido que nem consegui tirar muitas fotos. Confesso que também não consegui parar para comer direito, em algum momento do final da tarde me senti desfalecendo de fome.
Mas foi tudo muito bem, as crianças se divertiram a beça e em algum momento do final do dia a Selena, também esgotada de tanto brincar, dormiu um sono tão gostoso com a proteção do nosso gato, o Sobel.
Sobre o shopping, lá tem um pé de jaca no estacionamento! Que delícia! Deu vontade de pegar uma mas precisava de algo para cortar e eu não tinha.
Penúltimo dia de férias.
Teve pintura de vampiro de novo, passeio de bicicleta e parquinho.
As crianças já estavam com muita saudades dos amigos da escola. Dário perguntou várias vezes quando as férias iriam acabar.
No passeio de bicicleta tomamos chuva mas foi tão gostoso! O parque estava cheio de crianças correndo na chuva com o pé no chão. Muita lama de possa de água. Também entrei na brincadeira. Adoro pé no chão.
Amo demais minha família.
O desfralde da Selena correu de vento em polpa, ela é muito inteligente. Já tinha passado da hora de iniciar esse desfralde, mas eu precisa de férias para poder focar nele.
Esqueci de registrar que o Dário tem dito para todas as pessoas que perguntam seu nome que ele se chama Guilherme ou Henrique.
Ele tem dois colegas na escola com esses nomes. Não entendi porque ele tem feito isso, quando pergunto ele ri.
Acordamos cedo e pintei um zumbi no rosto dele. Ele tinha pedido já no dia anterior para pintar isso.
Deu muito trabalho mas ficou legal. Na verdade, eu não gosto muito desse tema mas a pintura em si ficou boa.
Brincamos muito, sai um pouco para fazer compras no supermercado.
Quando voltei eles estavam brincando.
Logo almoçamos e depois fomos para a piscina e depois para o parquinho.
Eles brincaram muito mesmo!! Passamos a tarde inteira fora. Chegaram em casa bem cansadinhos novamente, tomaram banho e depois foram jantar. A Selena não jantou muito bem, ela tem comido pouco, só quer saber de mamar.
Ela chega perto de mim e fala: mamãe, quero mamar.
Então digo que vou fazer o mama e ela diz: quero mamar no seu.
Estou muito cansada e gostaria que ela parasse de mamar mas tem sido difícil. Converso muito com ela, explico que ela não precisa mais, que a mamãe não tem mais muito mama etc, etc mas ela vira e fala: eu vou mamar só um pouquinho.
Não sei quando vou conseguir o desmame, verdade é que fico com dó. Ela é tão fofinha.
